Identificando os Meteoritos

MASSA INDIVIDUAL DO METEORITO METÁLICO HENBURY COM A SUPERFÍCIE MARCADA POR REGMAGLYTOS, FEIÇÕES TÍPICAS DE ABLAÇÃO ATMOSFÉRICA.

Este artigo tem como objetivo resumir o que você deve saber para identificar um meteorito de verdade. Antes de mais nada devemos entender a estatística por trás dos meteoritos. Eles são rochas extremamente raras de se encontrar em campo. De fato, o alto valor comercial dos meteoritos se deve a sua raridade e também ao fato inescapável de que são visitantes do espaço interplanetário, o que é sem dúvida fascinante. Como diz o pesquisador Dr. Randy Korotev, especialista em rochas lunares, se você acha que encontrou um meteorito eu já lhe digo que com 99% de certeza a sua rocha é terrestre. A probabilidade de encontrar um meteorito é extremamente baixa e sua rocha que tem um "jeitão" diferente com (quase) plena certeza não é um meteorito. 

A crosta terrestre é composta de uma variedade incrível de rochas. Em geologia as rochas são separadas em três grandes grupos, as rochas ígneas, sedimentares e metamórficas. As rochas ígneas mais comuns são os granitos e basaltos. Usando a nomenclatura mais específica da geologia as rochas ígneas são representadas pelos granitoides e pelas rochas vulcânicas cujo basalto é a rocha mais comum dentre elas compondo a crosta oceânica e derrames de lava nos continentes. Os granitoides são compostos basicamente dos minerais quartzo, feldspatos, micas e anfibólios. Os basaltos são rochas escuras vulcânicas compostos de minerais microscópicos, esses minerais são clinopiroxênio augita/pigeonita e plagioclásio cálcico, podendo conter também quartzo, olivina, tridimita, anfibólios, etc. As rochas sedimentares são normalmente subdivididas em clásticas e químicas. As rochas clásticas são compostas de pedaços de outras rochas que foram intemperizadas e erodidas, esses "pedaços" são chamados de clastos e são os sedimentos que podem variar em granulometria desde blocos de rocha, matacões, passando pelas areias e siltes e finalmente argilas, os sedimentos mais finos. As principais rochas sedimentares são folhelhos, calcários, arenitos e conglomerados. Os folhelhos são rochas contendo laminação sedimentar e compostos por silte e argila. Calcários são rochas sedimentares químicas de origem biológica ou abiótica de precipitação evaporítica de carbonatos de cálcio e magnésio, principalmente o carbonato de cálcio que é o mineral chamado calcita. 

Os arenitos são rochas compostas de sedimentos arenosos que são geralmente grãos de quartzo e feldspatos em menor quantidade. Conglomerados são rochas compostas de seixos de rochas quartzo-feldspáticas sustentados por uma matriz mais fina de natureza arenosa, siltosa, argilosa ou silicosa. As rochas metamórficas são complexos grupos de rochas que reúnem basicamente na classificação tradicional, em sequência de grau metamórfico, as ardósias, filitos, xistos, gnaisses e migmatitos. As ardósias e filitos são rochas com clivagens metamórficas compostas basicamente dos minerais do grupo das cloritas e quartzo. Os xistos são rochas foliadas ricas em micas podendo conter granada, estaurolita, cloritoide, silimanita, cianita, andaluzita, feldspatos e quartzo. Os gnaisses são rochas metamórficas abundantes em porções antigas dos continentes, chamadas de regiões cratônicas quando muito velhas com idades superiores a 2,7 bilhões de anos, ou de cinturões metamórficos, também chamados de faixas móveis, com idades entre 1,7 até 2,7 bilhões de anos. Os gnaisses são rochas bandadas, contendo "faixas de minerais" intercalando regiões quartzo-feldspáticas claras ou félsicas e regiões de biotita-anfibólios, escuras ou máficas. Os gnaisses podem conter minerais acessórios tais como granada e silimanita. Migmatitos são rochas resultantes de alto grau metamórfico com fusão parcial gerando bolsões de líquido magmático intercalados com material metamórfico não fundido, principalmente xistos. Os migmatitos possuem diversos padrões texturais que basicamente lembram bandamentos gnáissicos "bagunçados" pela fusão parcial ocorrida na crosta continental inferior. Migmatitos contêm porções ricas em biotita e anfibólios (melanossoma/mesossoma) e porções ricas em quartzo e feldspato (leucossoma). Fragmentos da rocha original que foi fundida podem estar presentes em meio ao migmatito em um terreno metamórfico, as porções que preservam as rochas originais fundidas, geralmente xistos e anfibolitos, são chamadas paleossomas.

AMOSTRA DE BASALTO, UMA ROCHA ÍGNEA VULCÂNICA RESULTANTE DO RÁPIDO RESFRIAMENTO DE LAVA, MAGMA QUE EXTRAVASOU NA SUPERFÍCIE GERANDO UMA TEXTURA AFANÍTICA ONDE OS MINERAIS SÃO MICROSCÓPICOS.

BASALTO DE TEXTURA PORFIRÍTICA, AQUI O MAGMA PASSOU POR DUAS ETAPAS DE CRISTALIZAÇÃO, UMA SUBSUPERFICIAL GERANDO FENOCRISTAIS DE PLAGIOCLÁSIO E OUTRA SUPERFICIAL GERANDO A MATRIZ ESCURA AFANÍTICA.

AMOSTRA DE GABRO, UMA ROCHA ÍGNEA PLUTÔNICA EQUIVALENTE FANERÍTICA DO BASALTO. OS CRISTAIS PODEM SER VISTOS À OLHO NU. OS MINERAIS BRANCOS SÃO PLAGIOCLÁSIOS CÁLCICOS E AS MASSAS ESCURAS SÃO CRISTAIS GRANDES DE CLINOPIROXÊNIO AUGITA. BASALTOS E GABROS SÃO MAGNÉTICOS PORQUE NORMALMENTE CONTÊM MAGNETITA COMO MINERAL ACESSÓRIO.

FATIA DE UM GRANITO STRICTU SENSU, UMA ROCHA PLUTÔNICA RICA EM SÍLICA E ÁLCALIS. OS CRISTAIS COR DE SALMÃO SÃO FELDSPATO POTÁSSICO, OS CRISTAIS BRANCOS SÃO PLAGIOCLÁSIO SÓDICO, OS CRISTAIS ESCUROS SÃO BIOTITA E ANFIBÓLIO HORNBLENDA E OS GRÃOS MAIS ACINZENTADOS DE BRILHO VÍTREO SÃO CRISTAIS DE QUARTZO.

AMOSTRA DE ARENITO COM BANDAS COMPOSICIONAIS, AS LINHAS ESCURAS SÃO LAMINAÇÕES SEDIMENTARES MAIS RICAS EM ÓXIDO DE FERRO. OS ARENITOS SÃO ROCHAS SEDIMENTARES CLÁSTICAS COMPOSTAS DE 90% OU MAIS DE FRAÇÃO AREIA NORMALMENTE DE COMPOSIÇÃO RICA EM GRÃOS DE QUARTZO.

AMOSTRA DE FOLHELHO, UMA ROCHA SEDIMENTAR CLÁSTICA LAMINADA COMPOSTA EM SUA MAIORIA DE ARGILOMINERAIS, RESULTANTE DA DEPOSIÇÃO GRAVITACIONAL EM MEIO SUBAQUOSO DE SEDIMENTOS ARGILOSOS FORMANDO CAMADAS DE LAMA QUE FORAM LITIFICADAS E TRANSFORMADAS EM ROCHAS SEDIMENTARES LAMOSAS, OS FOLHELHOS.

AMOSTRA DE CALCÁRIO, UMA ROCHA SEDIMENTAR QUÍMICA OU BIOCLÁSTICA COMPOSTA EM SUA MAIORIA DE CARBONATO DE CÁLCIO CUJO MINERAL É A CALCITA. O CALCÁRIO COMPOSTO DE CARBONATO DE CÁLCIO E MAGNÉSIO, O MINERAL DOLOMITA, É CHAMADO DE DOLOMITO.

SEÇÃO POLIDA DE UM CONGLOMERADO, UMA ROCHA SEDIMENTAR CLÁSTICA COMPOSTA DE SEIXOS ARREDONDADOS DE OUTRAS ROCHAS SUSTENTADOS POR UMA MATRIZ ARENOSA, ARGILÁCEA, CALCÁRIA OU SILICOSA. QUANDO OS SEIXOS OU CLASTOS SÃO ANGULOSOS A ROCHA É CHAMADA DE BRECHA SEDIMENTAR.

AMOSTRA DE XISTO, UMA ROCHA METAMÓRFICA DE GRAU INTERMEDIÁRIO RESULTANTE DO METAMORFISMO DE FOLHELHOS E ARGILITOS. OS CRISTAIS BRILHANTES SÃO MUSCOVITA, UMA MICA BRANCA E OS CRISTAIS ARREDONDADOS VERMELHOS SÃO GRANADA ALMANDINA. AS ROCHAS XISTOSAS SÃO FOLIADAS CONTENDO ESTRUTURAS CHAMADAS XISTOSIDADE RESULTANTE DA ORIENTAÇÃO DOS CRISTAIS PLACOSOS DE MICAS.

AMOSTRA DE GNAISSE, UMA ROCHA METAMÓRFICA DE ALTO GRAU RESULTANTE DO METAMORFISMO E DEFORMAÇÃO TECTÔNICA DE ROCHAS SEDIMENTARES E ÍGNEAS. OBSERVE O BANDAMENTO COMPOSICIONAL, AS BANDAS BRANCAS SÃO QUARTZO-FELDSPÁTICAS E AS BANDAS ESCURAS SÃO BIOTITA-ANFIBÓLIOS. 

AMOSTRA DE MIGMATITO, UMA ROCHA METAMÓRFICA RESULTANTE DE FUSÃO PARCIAL DE XISTOS E ANFIBOLITOS. OS MIGMATITOS CONTÊM BANDAMENTOS CAÓTICOS E PORÇÕES FÉLSICAS E MÁFICAS. AS PORÇÕES CLARAS SÃO O LEUCOSSOMA COMPOSTO DE QUARTZO E FELDSPATOS E AS PORÇÕES ESCURAS SÃO MELANOSSOMA E MESOSSOMA, COMPOSTOS DE BIOTITA E ANFIBÓLIOS.

Essa pequena introdução básica nos permite ver o quão complexas e diversificadas são as rochas terrestres. No entanto, existem inúmeros tipos de rochas e algumas delas são minérios metálicos contendo óxidos de ferro, minerais de cromo, etc. Se você tem uma rocha escura ou meio metálica ela pode ser um minério de sulfetos de ferro e cobre contendo associações de minerais tais como pirita, pirrotita, calcopirita, covelita, bornita, etc. Esses minérios podem ser facilmente confundidos com meteoritos por pessoas sem conhecimento geológico. Evidentemente muitos minérios são magnéticos tais como rochas contendo magnetita. Um mineral de minério comum de ferro é a hematita que pode asssumir várias formas ou hábitos inusitados que aos olhos podem lembrar "rochas extraterrestres". Observamos que um mineral comum nas rochas terrestres é o quartzo. Meteoritos não contêm quartzo. Algumas raras rochas lunares e marcianas podem conter polimorfos do quartzo, minerais de sílica em geral como a tridimita, mas ocorrem em quantidades ínfimas sendo praticamente minerais acessórios nestas raras rochas extraterrestres. Se sua rocha contém quartzo ela não é um meteorito. Se sua rocha não é um minério de ferro, mas é magnética, se for escura com quase certeza você tem um basalto terrestre ou um gabro, a versão plutônica do basalto. Se sua rocha contém óxidos e hidróxidos de ferro, alumínio associada a sílica ela não é um meteorito, é uma laterita ou minério de alumínio chamado bauxita. Rochas que contêm em abundância minerais tais como o quartzo, feldspatos, micas, anfibólios, óxidos e hidróxidos metálicos não são meteoritos, são rochas terrestres. Os minerais formadores de rocha podem ser identificados de forma grosseira como? Numa rocha em que os minerais podem ser distinguidos a olho nu se você observa grãos esbranquiçados, rosados ou acinzentados com "pequenas linhas" em seu interior e eles são às vezes alongados, esses grãos são feldspatos. Se você observa porções escuras na rocha, grãos pretos distintos eles podem ser biotita ou anfibólios. Micas em geral, a biotita e a muscovita, são plaquinhas que se destacam da rocha. Com um canivete você pode extrair plaquinhas desses minerais que se soltam e parecem purpurina na mão. Se você observa na rocha grãos translúcidos, às vezes de cor branca leitosa, às vezes acinzentados sem um formato específico, esses grãos são o quartzo. Uma rocha desse tipo com cristais visíveis é um granito, não é meteorito.

Então quais são as principais características dos meteoritos que os distinguem das rochas terrestres? Vamos observar aqui seis características que quando observadas em uma visão geral confirmarão ou não a natureza de sua rocha. Tais características são:

1. MAGNETISMO
2. CROSTA DE FUSÃO
3. REGMAGLYTOS
4. CÔNDRULOS
5. DENSIDADE
6. PADRÃO DE WIDMANSTÄTTEN

1. MAGNETISMO: A maioria dos meteoritos, os condritos e os metálicos, possuem ferro-níquel metálico em sua matriz rochosa. É importante ter como ferramenta de identificação um imã forte como os de neodímio tradicionais que vêm em pastilhas. Quando você aproxima um imã de neodímio de um meteorito ele será fortemente ou moderadamente (mais raramente) atraído pelo imã. Se não acontecer nenhuma atração magnética a sua rocha não é um meteorito ou você tem em sua mão um raríssimo meteorito acondrito seja do grupo H.E.D., lunar ou marciano. Mas como a probabilidade de você ter um raro acondrito é praticamente nula, a sua rocha precisa atender a outros requisitos além do magnetismo para ser confirmada como meteorito. Se sua rocha é magnética isso não é o fim, como mencionei anteriormente vários tipos de minérios e rochas ígneas são magnéticas. Se sua rocha é magnética ela precisa também de outros requisitos.

A MAIORIA DOS METEORITOS É MAGNÉTICA PORQUE ELES CONTÊM FERRO-NÍQUEL METÁLICO. AQUI UM EXEMPLO DE METEORITO METÁLICO COM CORTE E POLIMENTO, OBSERVAR A COR METÁLICA ESPELHADA NO INTERIOR DO METEORITO EM SUAS FACES CORTADAS E POLIDAS.

2. CROSTA DE FUSÃO: Uma característica fundamental de todos os meteoritos rochosos é a crosta de fusão. Os meteoritos rochosos possuem uma casca fina escura envolvendo-os e ela se forma quando a rocha é aquecida até mais de 2000 graus centígrados ao entrar na atmosfera terrestre. Na entrada atmosférica o meteoroide se funde e cria uma fina película de material fundido em volta da rocha original, essa fina película geralmente de cor preta ou marrom é a crosta de fusão. Quando você corta a rocha consegue visualizar a diferença entre sua superfície e seu interior. A superfície está coberta com a crosta de fusão. A crosta de fusão tem texturas de aerodinâmica tais como linhas de fluxo, padrões orientados, pode um possuir um brilho vítreo, pequenas fraturas de contração térmica e regmaglytos. Veremos a seguir o que é um regmaglyto. Raros meteoritos acondritos podem ter uma crosta de fusão esverdeada, meteoritos lunares podem ter uma crosta de fusão bege às vezes com bolhas na superfície devido ao escape de gases presos na rocha lunar, se for uma brecha de regolito lunar. Esses gases são geralmente hélio e argônio implantados por ventos solares na superfície lunar, sendo incorporados no regolito lunar. Se sua rocha não possui crosta de fusão ela não é um meteorito. Em raríssimas situações o meteorito, se estiver muito intemperizado, pode ter perdido sua crosta de fusão. Se sua rocha é um meteorito cuja crosta de fusão foi eliminada por qualquer motivo que seja, ela precisa atender outros requisitos além do magnetismo e da crosta de fusão.

METEORITO ROCHOSO QUASE COMPLETAMENTE COBERTO PELA CROSTA DE FUSÃO, UMA CASCA ESCURA E COM TEXTURAS DE FLUXO AERODINÂMICO. OBSERVAR O TOPO DA ROCHA SEM A CROSTA DE FUSÃO REVELANDO SEU INTERIOR MAIS CLARO EM RELAÇÃO À CROSTA CINZA ESCURA.

CROSTA DE FUSÃO COM FRATURAS DE CONTRAÇÃO TÉRMICA OU CONTRACTION CRACKS EM INGLÊS. OBSERVAR COMO A CROSTA DE FUSÃO É UMA CASCA QUE ENVOLVE O METEORITO.

CROSTA DE FUSÃO DE UM ACONDRITO APRESENTANDO LINHAS DE FLUXO.

METEORITO COM CROSTA DE FUSÃO AINDA VISÍVEL COM SUA SUPERFÍCIE APRESENTANDO ESTÁGIO MODERADAMENTE AVANÇADO DE ALTERAÇÃO TERRESTRE. O INTEMPERISMO DA CROSTA DE FUSÃO EM DESERTOS DEIXA A SUPERFÍCIE DO METEORITO COM ASPECTO ENVERNIZADO, ESSE BRILHO É RESULTANTE DO ACÚMULO DE ARGILOMINERAIS RICOS EM ÓXIDOS DE FERRO E MANGANÊS FORMANDO UM DESERT VARNISH OU VERNIZ DO DESERTO NO METEORITO.

3. REGMAGLYTOS: Essa palavra vem do grego, regma significa desgaste, escavação e glyptos significa encravar, escrever; ou seja, são marcas de desgaste atmosférico impressas na superfície do meteorito. Os regmaglytos são mais reconhecíveis em meteoritos metálicos. Essas estruturas se formam devido à ablação atmosférica do meteoroide quando de sua queda, a massa de ferro-níquel apresenta comportamento plástico em alta temperatura no meteoroide se moldando ao sabor da turbulência do ar superaquecido que envolve a rocha gerando estruturas aerodinâmicas na superfície do meteorito. Os regmaglytos lembram depressões geradas no barro mole quando o pressionamos com o dedo. Por isso os regmaglytos às vezes são chamados em inglês de thumbprints, ou seja, impressões de dedo. Se você acha que sua rocha é um meteorito, supondo que seja um meteorito, provavelmente seu meteorito é um condrito. Os condritos representam mais de 80% dos meteoritos coletados, ou seja, seu meteorito é rochoso. Como tal normalmente os meteoritos rochosos não apresentam regmaglytos, se apresentam estes não são tão expressivos quanto num meteorito metálico e muitos meteoritos metálicos não apresentam obrigatoriamente regmaglytos evidentes. 

METEORITO METÁLICO APRESENTANDO INÚMEROS SULCOS EM SUA SUPERFÍCIE, ESSES SULCOS SÃO OS REGMAGLYTOS, ESTRUTURAS GERADAS POR TURBULÊNCIA DE AR QUENTE PELA ABLAÇÃO ATMOSFÉRICA DO METEOROIDE DURANTE SUA QUEDA. O COMPORTAMENTO PLÁSTICO DO FERRO-NÍQUEL PERMITE MOLDAR OS REGMAGLYTOS DE FORMA BEM EVIDENTE.

UM DOS INDIVIDUAIS DO METEORITO METÁLICO SIKHOTE-ALIN COM TÍPICOS REGMAGLYTOS.

4. CÔNDRULOS: Como dito anteriormente, supondo que sua rocha seja um meteorito ela provavelmente é um condrito. Os condritos são os meteoritos mais comuns de se encontrar. Então sua rocha tem de ter obrigatoriamente côndrulos. Quando você corta a sua rocha é visível os flocos de ferro-níquel contra a luz e você deve reconhecer pequenas estruturas arredondadas geralmente com diâmetros de 1 mm. Essas bolinhas de minerais ferromagnesianos são os côndrulos. O passo fundamental para confirmar a textura de uma rocha, sendo ela um meteorito ou não, chama-se petrografia. A petrografia é o estudo fundamental das rochas que consiste de analisar uma fina lâmina de rocha em um microscópio petrográfico. Para mais informações sobre como se faz a petrografia veja meu artigo: A Petrografia dos Meteoritos. Essa análise se faz utilizando luz polarizada e se faz o reconhecimento dos minerais presentes na rocha através de suas propriedades ópticas. É necessário um profissional na área de geologia e mineralogia para se obter um laudo técnico sobre a rocha em análise petrográfica. Somente a petrografia pode confirmar a presença dos côndrulos. Uma pessoa experiente de olho treinado já sabe o que é um meteorito e quando é um condrito. Consegue visualizar os flocos de ferro-níquel na rocha e os côndrulos com uma lupa de mão. Se sua rocha não possui côndrulos e ferro-níquel ela não é um meteorito. Se for um meteorito será um raro acondrito, mas este deve ter os requisitos listados acima e não pode conter os minerais mencionados anteriormente que são abundantes nas rochas terrestres e estão ausentes nos meteoritos. 

EXEMPLO DE UM CONDRITO CORTADO COM SUA FACE POLIDA, O INTERIOR DE UM CONDRITO REVELA RODELAS DE MINERAIS FERROMAGNESIANOS, ESTAS PEQUENAS, MILIMÉTRICAS, ESFÉRULAS MINERAIS SÃO OS CÔNDRULOS.

NESTA FATIA DE CONDRITO OS CÔNDRULOS ESTÃO BEM EVIDENTES.

CÔNDRULOS EVIDENTES EM UMA FATIA DE CONDRITO CARBONÁCEO.

5. DENSIDADE: Uma propriedade física não muito utilizada, mas extremamente importante para complementar o estudo das rochas é a densidade. A densidade é a massa da rocha dividida pelo volume que ela ocupa no espaço. Desconsiderando espaços vazios na rocha, que não é muito comum um meteorito ser poroso, temos a massa específica da rocha. A massa específica é a quantidade de matéria que a rocha tem em gramas dividida pelo volume ocupado pela matéria da rocha. A diferença entre densidade e massa específica é sutil. Por exemplo, considere um cubo de alumínio com 1 cm de aresta. O volume desse cubo é 1 centímetro cúbico. Agora considere que esse cubo de alumínio é oco, apenas formado por uma casca de alumínio. A densidade do cubo é a sua massa, caracterizada apenas pela região onde existe alumínio, dividida pelo seu volume total, que inclui o espaço vazio do cubo, o espaço que não está preenchido por alumínio. Agora considere este mesmo cubo totalmente feito de alumínio. Sua densidade será maior do que a de um cubo oco. Essa densidade é igual à massa específica do alumínio que representa a massa de alumínio dividida pelo volume ocupado pela massa de alumínio, sem espaços vazios. Quando tratamos de rocha estamos geralmente falando de densidade em vez de massa específica porque uma rocha pode conter vazios em seu interior. A quantidade de vazios em uma rocha é medida pela sua porosidade. A porosidade é o percentual de espaços vazios na rocha em relação a seu volume total. Geralmente os meteoritos possuem porosidade praticamente nula. Raros meteoritos contém vazios, e quando contêm a sua porosidade é inferior, por exemplo, a de uma rocha sedimentar terrestre. Um meteorito rochoso possui densidade semelhante às rochas do manto terrestre, variando normalmente de 3,0 até 3,4 gramas por centímetro cúbico. Em comparação, as rochas terrestres mais comuns, os granitos, possuem densidade média de 2,8 gramas por centímetro cúbico. A densidade do quartzo (sua massa específica) é igual a 2,65 gramas por centímetro cúbico. Se sua rocha tem densidade entre 3,0 e 3,4 g/cm³, ela provavelmente será uma rocha terrestre máfica-ultramáfica representadas geralmente por gabros e peridotitos. Se você sabe que sua rocha não é terrestre, então ela é um meteorito se estiver dentro dessa faixa de densidade. A diferença de densidade é ainda maior se considerarmos uma massa de hematita e uma de uma meteorito metálico. A densidade da hematita varia de 4,7 a 5 g/cm³ enquanto a densidade dos meteoritos metálicos varia de 7,8 a 8 g/cm³. Abrindo um parênteses aqui, uma hematita e uma magnetita possuem uma característica cor de traço. O que é uma cor de traço? Pegue uma placa de porcelana porosa e sua rocha que você acha que é um meteorito metálico. Esfregue a rocha na placa. O risco deixado na placa tem uma cor característica do mineral que forma a rocha. Se você tiver em sua mão uma amostra de hematita ela deixará um risco marrom na porcelana. Se sua rocha for uma amostra de magnetita ela deixará um risco preto na porcelana. Se sua rocha for um meteorito metálico ela deixará um traço incolor na porcelana. A densidade da magnetita está em torno de 5,15 g/cm³. Dificilmente um minério terrestre terá densidade que se aproxime de um meteorito metálico. Se você tem uma rocha em sua mão que ultrapassa essa densidade de 8 g/cm³ ela não será um meteorito, mas sim um raro minério terrestre metálico, pode ser uma pepita de platina ou ouro. Mas aí o ouro tem suas características próprias totalmente distintas de um meteorito. O minério terrestre que se aproxima da densidade de um meteorito metálico é o de chumbo representado pelo mineral galena, o sulfeto de chumbo, com uma massa específica de 7,4 g/cm³, mesmo assim ainda inferior. Outra possibilidade é o próprio metal ferro de origem artificial ou ligas metálicas artificiais. Provavelmente você tem em suas mãos uma escória de fundição de siderúrgicas ou um pedaço de chumbo. Mas o chumbo tem uma densidade de 11,37 g/cm³, muito além de um meteorito metálico. Enfim, se sua rocha está na faixa de densidade entre 7,8 a 8 g/cm³ ela será um meteorito metálico ou um material metálico artificial. Como saber se é ou não um material metálico artificial?

6. PADRÃO DE WIDMANSTÄTTEN: Se você acredita que sua rocha é um meteorito metálico, para diferenciá-la de um material terrestre artificial metálico é necessário realizar a metalografia da rocha. Primeiramente corta-se a rocha e a face cortada é polida e preparada para o ataque químico. O ataque químico da face cortada da rocha é necessário para revelar padrões de cristalização do metal. Este é realizado aplicando nital na superfície da face cortada. O nital é uma solução de ácido nítrico e álcool etílico. Esse tratamento químico revela em um meteorito metálico os padrões de Widmanstätten que são lamelas de exsolução da fase kamacita na fase taenita formando padrões de simetria tridimensional octaédrica entrecruzados. Os meteoritos metálicos são geralmente octaedritos e estes apresentam esse padrão. Se o meteorito for um hexaedrito ou ataxito ele normalmente não terá esse padrão de estrutura cristalina. No entanto no corte tratado quimicamente podem se revelar estruturas distintas em forma de "bolsões" e nódulos de troilita e schreibersita características de meteoritos metálicos. Além disso o teor de níquel também pode confirmar a origem extraterrestre do metal. Normalmente os materiais metálicos artificiais tais como escórias de fundição e ligas como ferro-silício não contêm quantidades significativas de níquel. O teor de níquel em um meteorito metálico é superior a 5% em massa. Essa quantidade de níquel não existe em fases metálicas em rochas terrestres. Existe um simples teste químico que pode ser realizado para confirmar a presença de níquel em sua amostra. Os reagentes necessários são: Uma solução de dimetilglioxima, solução de amônia (por exemplo: hidróxido de amônio, sulfato de amônio, cloreto de amônio, etc) e ácido clorídrico. Pegue um cotonete limpo e mergulhe no ácido clorídrico, em seguida esfregue o cotonete molhado com ácido clorídrico por cerca de 1 minuto e meio na rocha a ser analisada. Separe o cotonete do ácido e pegue outro cotonete limpo e mergulhe na solução de dimetilglioxima, em seguida mergulhe o mesmo cotonete com dimetilglioxima na solução de amônia. Em seguida encoste o cotonete com ácido com o cotonete contendo dimetilglioxima e solução de amônia. Se os cotonetes ficarem rosas significa que existe níquel na sua amostra.

FACE DE CORTE DE UM METEORITO METÁLICO QUE FOI POLIDA E TRATADA COM NITAL PARA REVELAR AS ESTRUTURAS DE WIDMANSTÄTTEN CARACTERÍSTICAS DE UM METEORITO METÁLICO OCTAEDRITO. OBSERVAR OS PADRÕES GEOMÉTRICOS QUE REPRESENTAM LAMELAS DE CRISTAIS DE KAMACITA E TAENITA.

PADRÃO DE WIDMANSTÄTTEN COM LAMELAS MAIS GROSSAS.

Vimos um pouco sobre as características básicas que permitem distinguir um meteorito de uma rocha terrestre. Agora como supracitado vamos verificar quais características excluem a possibilidade de sua rocha ser um meteorito. Em inglês usa-se um trocadilho para as rochas que parecem meteoritos, mas não são, são os METEORWRONGS, que traduzindo livremente seria "meteorerrados". Muitas rochas são muito parecidas visualmente com meteoritos, os meteorwrongs são diversos e muitos representam rochas terrestres com uma mineralogia muito complexa. Uma vasta gama de rochas terrestres podem ser meteorwrongs muito convincentes. As características que podem ser destacadas que não se aplicam aos meteoritos são:

1. PRESENÇA DE BOLHAS E VESÍCULAS: Bolhas e vesículas não ocorrem em meteoritos, essas estruturas são características do escape de gases dissolvidos em magma sob alta pressão resultando em rochas vulcânicas terrestres que apresentam estas estruturas. Muitas vezes as vesículas podem estar preenchidas com minerais de baixa temperatura resultantes da precipitação a partir de fluidos terminais do magma basáltico formando "minigeodos" chamados de amígdalas. Em raríssimas situações rochas lunares podem conter vesículas de escape, de fato algumas amostras de basaltos lunares trazidos pelas missões Apollo da NASA são rochas vesiculares. Quando uma rocha contém muitas vesículas por unidade de volume elas são classificadas como tendo uma textura escoriácea. Nenhum meteorito lunar até hoje coletado apresentou-se como basalto vesicular. Outro meteorito anômalo e único no planeta até agora é o eucrito Ibitira que contém vesículas de escape de gases vulcânicos. Os eucritos são basaltos asteroidais oriundos do asteroide 4 Vesta, como tais podem representar amostras de derrames basálticos na superfície do asteroide e alguns deles podem eventualmente apresentar vesículas de degaseificação do magma. Outro raro exemplo é do acondrito angrito D'Orbgny que apresenta vesículas de degaseificação vulcânica porque os angritos também são basaltos asteroidais. Salvo estas raríssimas excessões os meteoritos não possuem vesículas e nem amígdalas. Além disso, muitos resíduos industriais de ferro e alumínio apresentam um formato irregular que lembra muito meteoritos metálicos, mas lembre-se de que são menos densos e apresentam normalmente em seu interior vesículas. A hematita também é muito confundida com meteorito, mas quando ela é cortada seu interior é escuro ou marrom e pode conter vazios de dissolução de minerais que coexistiam com a hematita em um minério. Existe uma infinidade de materiais artificiais que possuem bolhas de ar. Vidros e escórias são os exemplos mais comuns.

AMOSTRA DE ESCÓRIA, TÍPICO "METEORWRONG". OBSERVAR O PADRÃO VESICULAR E BRILHO VÍTREO DA AMOSTRA. AS ESCÓRIAS OU SLAGS EM INGLÊS SÃO TAMBÉM MUITO MENOS DENSAS QUE UM METEORITO VERDADEIRO E CONTÊM SÍLICA.

AMOSTRA DE ESCÓRIA VESICULAR SILICOSA.

AMOSTRA DE ESCÓRIA MENOS POROSA E MAGNÉTICA.

AMOSTRA DE BASALTO VESICULAR. ROCHAS COM UM GRANDE NÚMERO DE VESÍCULAS POSSUEM TEXTURA ESCORIÁCEA.

2. QUARTZO E MINERAIS SECUNDÁRIOS: Como dito várias vezes aqui se a sua rocha contém quartzo ela não é um meteorito. Além disso, meteoritos não possuem minerais que são produto de alteração aquosa como hidróxidos e oxi-hidróxidos de alumínio e ferro, não possuem óxidos e hidróxidos de manganês, entre outros. Por exemplo, comuns minerais de minério e associados a minérios metálicos são hematita, goetita, gibsita, hematita, crisocola, psilomelano, pirolusita, etc. Rochas com crostas de óxidos de ferro tais como lateritas em geral também são muito confundidas com meteoritos. No entanto, as lateritas são porosas, contendo vazios de dissolução mineral e lixiviação, possuem teores variáveis de sílica e isso já exclui a remota possibilidade de uma laterita ser um meteorito. Em resumo, rochas contendo em sua maioria quartzo não são meteoritos. Rochas contendo em sua maioria quartzo, feldspatos, micas e anfibólios não são meteoritos, podem ser granitoides, xistos e gnaisses. Rochas escuras não significam meteoritos, podem significar muitas coisas, entre elas: Que possui minerais escuros, que possui uma capa de alteração por oxidação, são rochas vulcânicas afaníticas, não são rochas e sim produtos aritificiais tais como asfaltos e concretos, etc. Observo muitos exemplos na internet de "meteoritos" qua na verdade são blocos de quartzito (uma rocha metamórfica derivada do arenito), os quartzitos têm variadas cores e texturas, seixos de quartzito podem estar arredondados por ação da água de rios durante milhares de anos lembrando formas "aerodinâmicas". Outras rochas são cortadas claramente por veios de quartzo-feldspato sendo provavelmente quartzitos, granitoides ou gnaisses. Vejo também muitas amostras de gnaisse com o característico bandamento composicional. Esses exemplos, além de mostrarem claramente serem rochas quartzosas, apresentam nenhuma característica de meteorito, principalmente a ausência de uma visível crosta de fusão. Enfim, rochas ricas em quartzo e feldspato não são meteoritos!

AMOSTRA DE HEMATITA COM HÁBITO BOTRIOIDAL (FORMA DE "BOLOTAS"). A HEMATITA É UM MINERAL DE MINÉRIO DE FERRO COMUM E NORMALMENTE RESULTANTE DE ALTERAÇÃO INTEMPÉRICA DE MINÉRIOS DE FERRO DE ORIGEM MAGMÁTICA OU HIDROTERMAL.

AMOSTRA DE HEMATITA BOTRIOIDAL.

MINÉRIO DE FERRO MAGNETÍTICO, COMPOSTO POR UMA MASSA DE MAGNETITA.

BLOCO DE ROCHA MÁFICA CORTADA POR VEIOS DE QUARTZO.

3. TEXTURAS OOLÍTICAS E PISOLÍTICAS: Muitas vezes é possível encontrar rochas que são confundidas com os condritos. Primeiramente, se sua rocha que você acha que é um condrito não tem crosta de fusão, não é um meteorito. Mas existe a possibilidade do meteorito ter perdido sua crosta de fusão seja por intemperismo ou por ação antrópica seja qual for o motivo. Se for esse o caso a pessoa pode ter uma amostra de rocha com textura de bolinhas que lembram côndrulos. No entanto existem rochas sedimentares que apresentam textura de bolinhas e estas são chamadas texturas oolíticas quando as esférulas são milimétricas e pisolíticas quando as esférulas são centimétricas. Minérios de alumínio como bauxita podem ter textura pisolítica assim como alguns tipos de minérios de ferro e lateritas. Uma rocha com esses tipos de texturas não são magnéticas e têm uma densidade inferior a 3 g/cm³, portanto, não é um condrito, é uma rocha terrestre de natureza sedimentar ou minérios de ferro e alumínio. Rochas sedimentares com textura oolítica são calcários oolíticos. Ao microscópio observa-se estas estruturas arredondadas que são sedimentos compostos de calcita que são retrabalhados em regiões de maré em águas rasas em bacias sedimentares marinhas. O resultado são os oóides que são pequenas esférulas carbonáticas que são cimentados juntos numa matriz calcária ou silicosa sendo chamados de oólitos. Além da baixa densidade, é possível saber se sua rocha é carbonática pingando algumas gotas de ácido clorídrico na sua amostra. A região gotejada vai efervescer pela liberação de dióxido de carbono quando carbonato de cálcio reage com o ácido clorídrico. Se sua rocha for um calcário mais magnesiano faça um pó da rocha riscando contra uma superfície mais dura e então aplique o ácido clorídrico. O pó vai efervescer lentamente devido à reação mais demorada entre o carbonato de magnésio e o ácido clorídrico. Dois fatores primordiais vão distinguir um condrito verdadeiro de uma rocha oolítica ou pisolítica. Os condritos possuem geralmente côndrulos milimétricos, logo se exclui texturas pisolíticas. Rochas oolíticas possuem densidade muito baixa, são muito porosas e não são magnéticas. Os condritos possuem densidade superior a 3 g/cm³ e ferro-níquel, sendo magnéticos.

AMOSTRAS DE CALCÁRIO OOLÍTICO.

CALCÁRIO OOLÍTICO AO MICROSCÓPIO, OBSERVAR AS ESTRUTURAS CONCÊNTRICAS DOS OÓLITOS ALÉM DE SEREM COMPOSTOS BASICAMENTE DE CARBONATO DE CÁLCIO E IMERSOS EM UMA MATRIZ COMPOSTA DE CARBONATO DE CÁLCIO. MUITOS OÓLITOS SE APRESENTAM DEFORMADOS DEVIDO À COMPRESSÃO DOS PACOTES DE ROCHAS SEDIMENTARES SOBREJACENTES DURANTE SOTERRAMENTO DESTA ROCHA CALCÁRIA.

FACE POLIDA DE UMA BAUXITA COM TEXTURA PISOLÍTICA. AS ESFÉRULAS SÃO OS PISÓLITOS COMPOSTOS DE ÓXIDOS E HIDRÓXIDOS DE ALUMÍNIO QUE SE DEPOSITARAM DE FORMA COLOIDAL EM PADRÕES CONCÊNTRICOS. A BAUXITA É O MINÉRIO DE ALUMÍNIO, ALÉM DE SER MUITO MENOS DENSO QUE QUALQUER METEORITO CONDRÍTICO.

MINÉRIO DE FERRO PISOLÍTICO CHAMADO IRONSTONE, COMPOSTO EM SUA MAIORIA DE HEMATITA.

Durante muito tempo tenho recebido e-mails e mensagens em redes sociais contendo fotos de rochas diversas de pessoas que querem saber se suas amostras são meteoritos. Esse artigo tem o intuito de esclarecer melhor algumas questões fundamentais sobre reconhecimento de rochas. De fato, identificar uma rocha através de fotos é muito complicado, mas a maioria das rochas terrestres é facilmente identificada em uma foto bem feita e detalhes extras como densidade da amostra, local de coleta, etc são fundamentais para complementar esse "diagnóstico". Eu encorajo as pessoas a fazerem o procedimento de identificação como mostrado neste artigo antes de mandar fotos e informações extras por meios eletrônicos. Lembre-se de que é muito mais provável que sua amostra seja uma rocha terrestre. Uma dica extra sobre desvendar a composição de uma rocha é através de sua dureza. Rochas terrestres normalmente contêm quartzo. A dureza do quartzo na escala de Mohs é 7. Faça o teste do risco no vidro. Pegue sua amostra e risque (com força, mas não muito forte para não quebrar o vidro) contra uma superfície de vidro. A dureza do vidro na escala de Mohs varia entre 5 e 6. Se sua amostra fizer um risco no vidro ela contém quartzo e, portanto, não é um meteorito. Algo que observo é que algumas pessoas vão fazer análise química de sua rocha e querem um diagnóstico através de meio eletrônico só com análise química. Eu digo deveras que uma identificação geológica séria requer análise petrográfica associada a análise química. É possível deduzir muitas coisas de análises químicas de rochas, mas sem uma petrografia de qualidade é impossível "bater o martelo" definitivamente sobre o tipo de rocha que estamos analisando. Portanto, um sério diagnóstico é feito através de lâminas delgadas sendo analisadas ao microscópio petrográfico. Então associada à petrografia vem a análise química. Um comentário com relação à análise química que posso fazer é: Normalmente essas análises mostram a composição da rocha na forma de óxidos dos elementos químicos, óxidos de silício, alumínio, titânio, magnésio, cálcio, sódio, potássio, manganês, ferro e fósforo. Rochas teores de óxido de silício (sílica) de 70% não são meteoritos, são provavelmente granitos ou rochas vulcânicas equivalentes. Rochas com altos teores associados de sódio, potássio e silício e baixo teor de ferro e magnésio não são meteritos. Mas como eu disse, análise química sozinha não diz nada sobre a rocha, é necessária a petrografia para saber quais fases minerais compõem a rocha. Sabendo a geologia básica do local de coleta ajuda muito em qualquer avaliação preliminar de rochas amostradas em campo, ainda mais quando são amostras soltas.

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